Alojamento Local
Alojamento Local e Covid-19
Janeiro 2021
Alojamento Local
Janeiro 2021
1. Perfil e estrutura da atividade:
A. O AL é uma atividade de muito pequena escala e de carácter individual, em que predominam os titulares com um numero diminuto de AL (50% com 1 e 27% com 2 a 3) e Empresários em nome individual (69%); no entanto, a dependência económica da atividade é elevada o que se traduz em dois indicadores essenciais: o elevado peso do rendimento proveniente desta atividade (para 41% dos inquiridos o rendimento do AL representa mais de metade do rendimento do seu agregado) e dos que não têm nenhuma atividade profissional para além do AL (38%);
B. Atividade exercida por uma população altamente qualificada (quase 80% têm ensino superior), muitos deles com formação/experiência profissional em áreas que têm alguma relação (arquitetura, engenharia civil e mediadores/consultores imobiliários) e com uma média de idades elevada (53 anos);
C. Não obstante, salienta-se a forte heterogeneidade geográfica resultante das especificidades de cada área - grande cidade, zona balnear ou rural – as quais definem os distintos formatos da procura e da oferta.
D. Assim, ao nível da estrutura sócio-económica, destacam-se 2 realidades distintas: - Lisboa e Porto, onde a atividade é exercida de forma permanente, registando uma maior dependência, sendo os territórios com mais pessoas a exercê-la de forma exclusiva e onde a proporção de pequenos titulares e de Empresários em Nome Individual, sendo maioritária, é menor do que no país; estes traços, caracterizando as duas cidades, são mais acentuados em Lisboa; em termos demográficos são muito semelhantes, sendo de salientar o maior nível de qualificação (cerca de 90% têm o ensino superior) e a média de idades mais baixa (50 em Lisboa e 51 no Porto);
- O Algarve, com a maior proporção de Empresários em Nome Individual e titulares mais pequenos, indicia uma realidade centrada na sazonalidade e na exploração da segunda residência, tratando-se do contexto com a menor proporção de licenciados (ainda assim bastante elevada) e a média de idades mais alta;
2. Impactos COVID-19 no alojamento local
A. Observação Geral. Em termos de impactos verifica-se que, não obstante, as elevadíssimas perdas em matéria de faturação e de ocupação, mais acentuadas em Lisboa e Porto, a generalidade dos inquiridos revela expectativas optimistas quanto à normalização da situação (quase 50% considera que isso ocorrerá já ao longo de 2021) e tenciona manterse nesta atividade; a média duração (1 a 12 meses) é a alternativa mais considerada pelos inquiridos;
B. Impactos Ocupação/faturação. Salientam-se dois aspectos: a) que as perdas de faturação não só antecedem as de ocupação, como são mais severas o que indicia uma descida dos preços para compensar a situação; b) o mês de Março é um mês de transição com uma situação ainda relativamente equilibrada e o segundo trimestre é globalmente marcado pelas acentuadas perdas. Nesta matéria a diversidade geográfica previamente assinalada tem aqui repercussões evidentes, sendo de salientar três situações claramente diferenciadas:
C. Impactos – Usos praticados durante a pandemia e equacionados a curto prazo. Há uma coerência entre os usos consignados ao AL durante o mês de Junho e os usos referenciados como os mais prováveis a curto prazo: predomínio em ambos os casos do AL de curta duração (mesmo que sem ocupação), seguido pelo AL de média duração, sendo a utilização própria/familiares o terceiro uso mais referenciado como provável ou muito provável; o arrendamento de longa duração não é uma opção significativa, mas ainda assim, dentro deste, há uma diferença muito relevante entre o arrendamento no mercado privado e o público, este último globalmente preterido (ex. Renda Segura ou Porto com Sentido); as opções dos usos variam claramente em função da zona geográfica e do tipo de exploração, sendo que o AL de média duração é uma opção muito mais visível nas grandes cidades e entre os gestores (do que titulares em exclusivo) de AL
D. Impactos – Medidas políticas: práticas e avaliação. O aspecto mais saliente é a diferença no recurso às medidas dependendo da forma jurídica, se é empresa ou empresário em nome individual; apesar da maioria ser ENI, verifica-se que o recurso às medidas é muito mais relevante entre as empresas, o que os inquiridos justificam por dois motivos essenciais:
1. Inadequação de medidas a ENI’s; 2. Medidas maioritariamente de crédito que induzem o receio de reforço de endividamento; entre as empresas, o Lay-off destaca-se como a medida a que mais se recorreu, mas em termos gerais é a moratória de crédito a que figura no topo das medidas mais utilizadas;
E. Expectativas de normalização da situação. Tónica relativamente optimista que, paradoxalmente, parece mais evidente nos territórios mais penalizados pela pandemia – é em Lisboa e Porto que se verifica o maior peso dos que consideram que a normalização da situação terá lugar ao longo de 2021 (cerca de 50%) e é também aqui que a incerteza é menor.